Por volta dos 2 anos de idade, as crianças podem começar a imitar gestos, falas e comportamentos das pessoas com quem convivem. Imitam não só quando estão vendo a pessoa, mas também pela sua lembrança. Muitas vezes aprendem vendo o comportamento dos seus colegas da escola e levam a novidade para a casa. Algumas imitações são engraçadas, desajeitadas, mas o que fazer quando elas aprendem algo que consideramos inadequado?
Para a criança é prazeroso imitar, assim ela confirma a admiração que sente por aquela pessoa. Geralmente, é uma reprodução automática, sem crítica, apenas um treino sobre algo desconhecido. Meninos e meninas assumem papéis masculinos e femininos sem discriminação. Imitam os adultos limpando a casa, colocando a roupa, dando ordens e conversando no telefone.
É na infância que as crianças fazem tudo pela primeira vez. O primeiro sorriso, a primeira palavra, os primeiros passos e diversas outras coisas. Então, tudo é novidade e querem acompanhar as atividades da pessoa que admiram para observar e depois reproduzir.
Muitas vezes a mãe está cozinhando e o filho se aproxima para cozinhar também, o que pode levar mais tempo para essa tarefa ser concluída. O nosso desafio é direcionar essa necessidade das crianças em participar, cuidando para não demonstrar impaciência e críticas que desmotivam o interesse dela em aprender e se sentir capaz. É assim que elas crescem e se desenvolvem.
É claro que podemos e devemos estabelecer limites, com firmeza e carinho. Se a criança está com dificuldade, podemos dizer para ela ver como nós fazemos para depois ela tentar fazer, sempre respeitando o ritmo e a capacidade da criança.
Quando os pequenos imitam algo inadequado que aprenderam fora de casa, também é importante mantermos nossa postura acolhedora, explicando as razões de não poder reproduzir aquela atitude, oferecendo novas maneiras de agir. Por exemplo, ao ouvir um “não” a criança grita, chora, xinga e/ou bate. Nessas horas, procure manter contato visual, descrevendo a situação e dizendo frases curtas como “Você está bravo/triste, mas não pode ofender, nem machucar ninguém” e “Você pode falar que está bravo e o que te deixou bravo”. Isso ajuda os pequenos a entenderem o que está acontecendo e a cuidar de suas emoções.
Esse comportamento, muitas vezes é um jeito das crianças brincarem. Elas criam, reconhecem, imitam e interpretam. Nesse “faz de conta” podem comunicar e expressar o que carregam em seu mundo interno.
Essa capacidade de imitar uma pessoa fazendo alguma coisa e assumir papéis permite à criança desenvolver sua imaginação para compreender uma realidade, uma dificuldade e assim criar maneiras de se adaptar, reconhecer suas limitações e verificar na prática a sua capacidade para enfrentar e resolver as situações que surgem na vida. Por isso, com amor e respeito, é importante entrarmos no “como se” das crianças e brincando vamos todos aprender!!
Psicóloga Infantil com especialização em Psicodrama, Ana Flávia Fernandes atende as crianças e suas famílias há muitos anos. “Para cuidar bem dos pequenos, também é preciso cuidar dos adultos a sua volta”, explica. Muito querida e atenciosa, ela também nos brinda com a sua sabedoria e experiência clínica no blog Terapia de Criança.
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